A paixão ou o amor e os limites da nossa profissão farmacêutica
A profissão farmacêutica não é diferente quando tratamos de um paradoxo sobre o qual muitos se debruçam a analisar: o amor ou a paixão pela própria profissão. A arte do trabalho pode nos impelir a aprofundá-la nas suas técnicas e tirar dela grandiosos produtos. Nisso podemos incluir todas as atividades profissionais pois o homem na sua busca pela própria felicidade acaba sendo conduzido por utilizar meios e veredas para chegar aonde almeja ser e viver feliz. A grande realização depois de horas investidas na arte profissional poderá ser o motor que irá operar como um combustível próprio ou seja sustentável na manutenção desse status quo. A paixão ou o amor será esse combustível que move o indivíduo a realização das atividades próprias da profissão. No ambiente Farmacêutico vemos todos os tipos de profissionais e a expressão de um ou outro combustível fica às vezes tão evidente no decorrer do tempo que fica difícil não notar suas diferenças nos produtos gerados. A paixão pelo próprio termo determina algo intenso, forte mas superficial, não aprofundando nem se enraizando no interior da alma humana. Consome muita energia, não possui ligação alguma com a razão e devasta depois de passado o “calor” e a sua beleza aparente. Desgasta em demasia e não possuindo freios e contrapesos leva o apaixonado a uma desilusão galopante. Pode no início ser o elo que vai sedimentando e envolvendo o amado a um ponto de fortalecer os laços e aprofundar, e assim a paixão vai se transformando no amor pois esse tem relação com a razão e vai ensinando ao que ama os limites possíveis e as variáveis necessárias para manutenção do afeto. Na vida profissional a paixão vai dando a “linha” e com o tempo e as vivências profissionais vai se estruturando na pessoa o seu ser profissional. Os ganhos e as perdas fazem parte do dia a dia e o profissional farmacêutico atuando na saúde sabe dos seus desafios e das ameaças. Aquilo que amamos buscamos cuidar e zelar por cada uma das responsabilidades que nos são oferecidas no exercício da profissão. Alguns se servem da farmácia, outros se tornam servidores dela e mesmo que a recompensa monetária não seja a esperada, busca cumprir com seu papel. Precisamos demonstrar esse amor na defesa da profissão e dos usuários de nossos serviços farmacêuticos. Fingir que não está acontecendo ou ficar alheio por acreditar que nada pode ser transformado não ajuda nem a nós e nem a própria profissão. Depois de anos na labuta, mais de 25 anos, metade da minha vida nos balcões de farmácia, temos muito a buscar. Se nossos representantes dormem em berço esplêndido a história vai derrotá-los e passarão no esquecimento e pagarão o preço da indolência, mas aí é com eles e o Criador. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá…(Lc12:48b) e aí cabe a quem recebeu saber se poderá arcar com as consequências. O amor permite ir além dos limites… verdadeiramente.
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