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Foto do escritorResenha Farmacêutica

A AUTOMEDICAÇÃO E O EXCESSO DE AUTOCONFIANÇA: QUAL A MARGEM DE SEGURANÇA?




O usuário dos serviços de saúde tende a buscar ajuda de profissionais se houver alguma necessidade premente, e em antagonismo a isso, se não precisam então agem de modo negligente, não se atentam às pequenas alterações que ocorrem e deixam isso para um outro momento que achar importante averiguar. Na prática, quando as coisas ocorrem em um grau suportável o uso de medicamentos para amenizar os sintomas ou mascará-los é realizado de modo a não se atentar para os possíveis indícios de um agravo mais sério. Quando se avaliam algumas práticas de automedicação verifica-se um alto nível de autoconfiança no uso do medicamento, realizado sem uma análise mais profunda dos possíveis problemas do seu uso indiscriminado e sem critérios técnico-científicos. É comum expressões do tipo “antibiótico de costume”, “meu remédio preferido”, “esse todo mundo toma”, dois antes…dois depois…”, “o médico sempre receita esse”, “vai na fé” e por aí vai o elenco de frases prontas justificando a prática errônea. Para justificar, o excesso de autoconfiança suplanta tudo, ele não separa, sexo, idade, agravos de saúde preexistentes, condição social. A tomada do medicamento vai resolver o problema, que na maioria das vezes não é detectado de primeira pelo próprio profissional de saúde sem uma gama de exames e procedimentos. Mas na cabeça pensante e instituída de todo o poder, a pessoa quando chega a conclusão que sabe mais e tudo pode sem ter conhecimento embasado disso age de modo irresponsável com sua própria vida e dos outros. Todo excesso tem chances de ser mais prejudicial do que a chamada boa vontade. A saúde não pode se dar ao luxo de experimentar sem a base científica, sem o conhecimento prévio do que pode ocorrer se for feito o uso ou não de determinados remédios. Se isso vale para os profissionais, imagina para o leigo, que tem pouco ou quase nenhuma base para adentrar na prática da automedicação. A confiança quando leva o indivíduo a fechar os olhos para o conhecimento mínimo e a segurança do ato em si serve de arma em vez de virtude. Indicar o uso de medicamentos é uma atitude que necessita de algum grau de conhecimento e razão. Não pode ser feita de modo instintivo, pela paixão dissociada do suporte profissional para tal ato. Temos antes de tudo, humildemente reconhecer nossa própria dificuldade de saber tudo, o mínimo necessário e o que temos que formar por base científica e racional para quem sabe aventurarmos nos caminhos das ciências da saúde. Não somos iguais biologicamente, temos diferenças e isso a farmacologia, que estuda a ação dos fármacos, já sabe. Nem tudo serve para todos. Deixar de lado esse excesso de autoconfiança já ajuda em muito e pode sim servir de trampolim para atitudes mais solidárias para com os próximos. Quanto mais aprendemos, é aí que vemos o quanto ainda nos falta. A automedicação realizada com apoio do profissional de saúde, o farmacêutico, visa criar uma ambiente de educação continuada em saúde e dirimir práticas nada saudáveis de “empurroterapia” por trabalhadores no balcão de estabelecimentos farmacêuticos ou por indivíduos cheios de excesso de autoconfiança “tentando” ajudar.

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